Entrevista + Sorteio: Gauche


Essa semana, entrevistei os paraibanos do Gauche - pronuncia-se "goxe" - que há tempos queria entrevistar, tudo por intermédio do Gabriel Sant'anna, produtor da banda e meu amigo pessoal. Eles fazem uma mistura de folk, rock psicodélico e outras tantas influências, com arranjos bem executados e letras de tirar o chapéu. A banda já tem dois Eps lançados, e iremos sortear 4 exemplares do último, homônimo, pra quem seguir as instruçãos no final do post.
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Quem respondeu as perguntas foi o Bruno Sérgio (voz, teclados e violão), vale a pena ler a entrevista completa!
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Conte um pouco sobre o começo. Como o Gauche surgiu?
O Gauche surgiu em 2004, como uma espécie de mutação de um projeto anterior em que participávamos Paulo (atual baterista) e eu. Formávamos um trio, sem denominação, junto com Pablo Giorgio, que toca atualmente no Squizopop. Eu me revezava entre baixo e teclados, enquanto Pablo cantava e tocava violão. As músicas eram na maioria de Pablo, todas em inglês, e aos poucos eu comecei a contribuir com músicas e fizemos algumas parcerias. Algumas músicas desse projeto sofreram reformulação (com letras adaptadas para o português) e novas composições surgiram. Em 2004, Pablo saiu da banda, e Paulo e eu demos continuidade ao que viria a ser o Gauche.
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O som de vocês parece trazer várias referências, quais as mais importantes e como vocês descreveriam a música que o Gauche faz?
O psicodelismo dos anos 60 é a “essência” da banda. Nesse contexto podemos citar o Pink Floyd de Syd Barrett, Os Beatles (essencialmente a fase Rubber Soul a Sgt. Pepper’s), The Zombies, The Kinks (vide Village Green Preservation Society), Pretty Things e Beach Boys, com o Pet Sounds. O folk-rock dos anos 60, adicionalmente psicodélico, principalmente com o Byrds e o Love como referências essenciais. Bandas como Echo & The Bunnymen, Stone Roses, e todas as que surgiram em meio aos anos 90 e que também beberam da fonte dos anos 60 e 70, como Kula Shaker e The Verve, são importantes. No âmbito nacional, Mutantes, Caetano, Gilberto Gil, Ronnie Von, Secos & Molhados, Clube da Esquina, Moto Perpértuo e Violeta de Outono sempre serão nossas influências. Em relação à nossa música, nossa preocupação não é soar tradicional, nem retrô, nem moderninho. Eu penso que o maior rótulo (no mau sentido da palavra) é delimitá-la no tempo. O melhor da música é quando ela se torna atemporal, não pertencendo a fases restritas. Somos um pouco de tudo: passado e presente. Acho isso importante.
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Gauche - Brilho

Como é o processo de criação de vocês? Quem escreve as letras, trabalha os arranjos...?
O processo de criação é algo muito lento, às vezes. A composição das músicas, atualmente, fica por minha conta. Certas músicas demoram anos para me convencer que valem a pena serem mostradas. Quando eu as apresento ao pessoal da banda, já tem letra e melodia definidas. A partir daí, trabalhamos sempre em conjunto, opinando, sugerindo, modificando. Os arranjos ganham forma e cada um tem autonomia para fazer o que quiser. A minha maior satisfação é quando as músicas ganham um caráter diferente do que eu originalmente concebi. Mudam para melhor. O trabalho em conjunto é fundamental e, neste momento, criamos um entrosamento tamanho que cada um já sabe bem o que o outro pretende fazer.
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Como vocês descreveriam a atual cena musical paraibana e como o Gauche se encaixa nela?
A cena paraibana cresceu e diversificou-se. Um número relativo de bons nomes surge no estado, em especial em João Pessoa. Bandas de rock, post-rock, instrumental, afrobeat, estão dando um caráter múltiplo que, há pouco tempo, o estado não tinha. Nós passamos a ter uma integração maior entre as duas maiores cidades da Paraíba, que são Campina Grande e João Pessoa, e isto é fundamental. O Gauche se sente mais confortável em participar dessa multiplicidade. Quanto mais a cena se diversifica e se qualifica, mais amplo se torna também o público consumidor. Novos espaços para shows tem sido criados. Acho que a cena musical paraibana passa por um melhor momento, no geral, embora tenha muito a evoluir, principalmente no que ser refere à valorização dos artistas locais.
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Quais as principais dificuldades que uma banda enfrente na atual cena musical do nosso país? Todos os membros do Gauche se dedicam somente à música?
As dificuldades maiores são em relação à inserção no mercado. A Internet e a explosão das novas tecnologias, como um todo, fomentaram o surgimento de inúmeros artistas. Hoje em dia, é mais fácil e estimulante ter uma banda de rock. O desafio maior é se destacar no meio de tantos. E, uma vez se destacando, ter condições para que o seu trabalho continue e que não se perca num brilhareco momentâneo. Poucos atentam para isso. Eu vejo um certo deslumbramento com relação à cena independente em geral, um oba-oba quase generalizado. Vendem a idéia de que o mercado independente é o Eldorado das oportunidades, do livre empreendedorismo, e nem sempre é assim. Os Festivais, que são a maior porta de entrada para um artista independente mostrar o seu trabalho, muitas vezes se encerraram num Clube dos Poucos, numa relação de troca de favores e oportunismos. Que espaço real há de ter um artista, por melhor que ele seja, quando ele não é favorecido por estes meios? Este é o grande desafio: passar quando o funil ainda é estreito, embora o vendam como largo. Os membros do Gauche ainda se dividem em estudos e outros trabalhos. Eu me formei em jornalismo. Paulo trabalha e estuda biblioteconomia, na UFPB. Luís também é formado em jornalismo e recentemente terminou Arte e Mídia, na UFCG. Koddie faz Design de Interiores, no IFPB. Mas todos amam a música e querem ter condições de viver dela.
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Vocês já lançaram dois EPs, Teatro de Serafins e Gauche. Conte-nos um pouco sobre as características e diferenças entre eles.
O primeiro EP, Teatro de Serafins, mostra um Gauche um pouco mais “originário”, mais centrado na sonoridade folk, com os violões marcando uma forte presença. As guitarras e os outros elementos tinham um papel importante, como sempre, mas não tinham talvez tanto destaque. No segundo EP, homônimo, os violões ainda têm uma grande importância. Eu adotei o violão de 12 cordas e sua presença é um dos pontos altos do trabalho. Mas, desta vez, com um pouco mais de recursos, conseguimos diversificar a sonoridade da banda e a presença das guitarras e teclado, principalmente, passa a ser mais sentida. O violão deixou de ser soberano e o grupo, como um todo, soa mais coeso e seguro. Ganhamos mais “peso” e consistência.
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Quais os planos da banda para esse ano, podemos esperar por material novo, talvez um CD? 
Nosso maior plano é a gravação de um novo trabalho, sim. Um EP seria mais viável, no momento. Mas nossa meta é gravar um CD, reunir o conjunto atual de trabalho da banda em um só lugar. Estamos procurando meios para fazer isso. Outro passo, tão importante quanto, é ampliar nossas fronteiras, tocar em outros lugares, conhecer gente nova. Viver a grande aventura da música de maneira plena e com todas as oportunidades.
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Deixem um recado pro pessoal que for ler a entrevista e concorrer aos EPs!
É muito prazeroso ter a oportunidade de mostrar o nosso trabalho e ver que as possibilidades de divulgação através da Internet tornam-se amplas e irrestritas, principalmente com o desenvolvimento das mídias sociais, como este blog. Nossa maior realização seria fazer com que as nossas músicas pudessem representar algo realmente significativo para alguém. Podendo ser para cem, para um milhão, ou só para os que ganharem os EPs. De todo jeito seria fantástico.


Quer ganhar um EP do Gauche? Sortearemos quatro exemplares do EP homônimo, lançado pela banda em 2010, para quem seguir o @okannieee e o @folkgauche e twittar a seguinte frase:

"Li a entrevista do @folkgauche no blog @okannieee e quero ganhar um dos 4 EPs que serão sorteados. http://kingo.to/xpB"

O sorteio acontecerá no dia 8 de abril, semana que vem, lembrando que basta twittar uma única vez para concorrer.

Entre no myspace e no facebook do Gauche para ouvir mais músicas e ficar ligado nas novidades! E se você não ganhou o sorteio, entre aqui e baixe os dois Eps da banda.

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11/04/2010
Sorteio realizado! http://sorteie.me/1I2b2k
Os ganhadores foram @mahpoca @casonhador @nubiogomes e @FarneziRaini.

Um comentário:

  1. Achei a entrevista bem lgl msm, parabéns para os rapazes do Gauche e continuem com esse som incrivel de vcs.

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